Dar voz aos jovens a propósito da Saúde Mental: Apontamentos.

Dar voz aos jovens a propósito da Saúde Mental: Apontamentos.

Muitas representações existem nas diferentes comunidades sobre o que se considera ser a saúde mental. Cada cidadão integrou o conceito ao longo do seu percurso de vida, e se questionado, descreve-o “à sua maneira” vulgo “a seu modo.

A imagem inserida neste texto reúne a título de exemplo algumas das respostas dadas por jovens estudantes de 3º ciclo e do ensino secundário quando questionados sobre o que consideravam ser a saúde mental. Muitos outros exemplos poderiam transcrever-se, mas os que aqui são apresentados, além de genuínos, parecem-nos interessantes para serem partilhados no site do ORSMM. Neste pretende-se, entre outros aspetos, valorizar a participação e o pensamento crítico dos diferentes cidadãos para a importância da promoção da saúde mental. Clarificando, o mesmo tem, entre outros objetivos, o de contribuir para o aumento da literacia em saúde mental na região.

As representações juvenis são ponto de partida para qualquer projeto que se queira desenvolver no âmbito da promoção da saúde mental com jovens, quer em contextos escolares quer noutros em que se insiram. Todavia, dar a palavra e ouvir previamente os jovens nem sempre é estratégia de partida ou mesmo privilegiada, na elaboração de projetos promotores da saúde/saúde mental. É fundamental que os jovens sejam os protagonistas principais, que se envolvam e participem, assumindo a importância e o valor da respetiva participação.

Na sociedade, identificam-se diariamente diversos problemas que afetam a saúde mental dos jovens, uniformizam-se necessidades e planeiam-se intervenções, as quais, apesar de fundadas pelos profissionais em modelos teórico-científicos validados noutros locais ou regiões, com alguma frequência, não se adequam a todos os contextos, grupos ou indivíduos. Muitas vezes porque as formas de comunicação utilizadas pouco ou nada motivam aqueles a quem os projetos pretendem interessar, às características peculiares dos diferentes grupos ou jovens aos quais se dirigem.

É pois essencial conceder espaço, disponibilizar tempo e apresentar-nos (refiro-me aos adultos com papéis estruturantes formativos) interessados em compreender o que os mais jovens sabem, pensam, sentem e querem para si próprios, o que é imprescindível para promovermos o bem estar e a saúde mental: a própria e a coletiva.

Importa despender atenção efetiva ao que dizem: quer pelo silêncio, quer por palavras, quer por expressões e comportamentos, escutando-os quanto às suas expetativas, aos seus projetos, aos seus sonhos! Mais ainda, importa atender à expressão dos seus sentimentos quer os mais positivos e felizes quer aos mais negativos, como a tristeza, insegurança, angústia, medos. Sim! Todos os vivenciamos nalgum momento da vida, em diferentes circunstâncias.

Existem muitos jovens subtis na expressão dos seus sentimentos, exuberantes ou mais discretos nos respetivos comportamentos, apagados, excessivos ou até bizarros quanto às manifestações dos seus afetos e das suas vontades. Muitos procuram ser reconhecidos pelo que fazem, perceber o que lhes está a acontecer, quem afinal são e o que valem.

Lembremos que o desenvolvimento e a maturação no decurso do ciclo de vida, gera conflitos, inseguranças, desajustes transitórios quer a nível biológico quer a nível psicossocial, sendo a adolescência uma etapa intensa de estruturação corporal e mental, que requer suporte e apoio familiar, escolar e social, até que se ganhe a certeza de quem somos e do que valemos. Estas são dimensões humanas fundamentais, pessoais, centrais na saúde mental dos adolescentes, que refletem o modo como os outros os olham, os valorizam e os incentivam a crescer, dedicando-lhes atenção, através da presença nos momentos significativos, esclarecendo as suas dúvidas, disponibilizando-lhes orientação e carinho para seguirem em frente confiantes.

A tal saúde mental que todos queremos e que alguns procuram incessantemente, responsabiliza-nos, a uns mais do que aos outros, dependendo dos papéis e funções parentais, educativos e sociais, que assumimos ou que deveremos assumir, prestando a devida atenção aos que nos cercam, apoiando-os num processo único de desenvolvimento, que permita que “se encontrem” e reconheçam com a sua individualidade.

Reproduzindo a expressão de um adolescente a propósito da saúde mental, conforme imagem inserta nesta reflexão “Cabeça levantada. Se olhares para baixo, não verás o que vem!”.

Excelente mensagem para iniciarmos um novo ano.

Próspero 2023!

Isabel Fragoeiro

ORSM

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